sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Tradução literária

Feira do Livro de Porto Alegre. É a 56ª edição.
Inscrevi-me em várias oficinas e em um seminário. Todos relacionados à literatura. O primeiro foi sobre "Tradução: um mal necessário", com o professor Ernani Ssó. As oficinas estão ocorrendo no CCC Érico Veríssimo.
Esta primeira oficina aconteceu nesse final de semana de feriadão que passou, de sábado a segunda-feira. Fiz com muito prazer as viagens no direto até Porto Alegre e, no caminho, ia lendo Cortázar. Formamos um grupo bem homogênio. O professor Ernani estava extremamente à vontade conosco, o que fez com que as nossas reuniões fluíssem bem.
Como tenho grande interesse no campo da tradução, não poderia faltar a esta oficina. Dou a garantia de que ela foi de fundamental importância para quem participou. Até mesmo porque não há muitos espaços de discussão para quem trabalha com tradução. Nessas reuniões tratamos e discutimos os textos já traduzidos, do espanhol para o português, já que esta é a área de atuação do professor, mas que desta forma abrangeria quem traduzisse qualquer língua.
Discutimos muito o vocabulário comum à tradução. E do que eu desconfiava foi confirmado: de que o importante é dar o mesmo sentido ao leitor da língua traduzida, e não a fidelidade literal com as palavras do texto.
Como disse o professor Ernani, 'temos de ser fiel a Dom Quixote e a Sancho Pança, mais do que a Cervantes". E é exatamente isso. Que o leitor da língua original da obra escrita e o leitor do texto traduzido tenham a mesma sensação, sentido, sensibilidade ao ler. Isso é o que importa.
Há pouco, li Alice no País das Maravilhas e também Peter Pan, com a tradução de Ana Maria Machado, recomendadíssima pela minha professora Mara Jardim. Explico por que: esta tradução é totalmente adaptada ao leitor brasileiro. Por exemplo, as cantigas que Alice canta e que fazem parte da sua infância são as nossas infantis conhecidas no Brasil. Não teria o mesmo impacto a Alice lembrar de cantigas infantis em inglês, não nos causaria a mesma sensação que o autor pretendia ao escrever sua obra.
O resumo da ópera é que a tradução deve ser feita para o maior entendimento do leitor, devemos ser fiel à emoção da obra. Eu, como futura tradutora em potencial, seguirei o que já seguia intuitivamente: ser leal à essência da obra e não às palavras.


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