Mais uma leitura feita. Esta foi o “Triunfo da morte”, de Augusto Abelaira, nascido em Portugal, em 1926. O livro data de 1981.
Como meu colega de Letras Levi acredita, eu também penso que uma leitura vale a pena e é boa quando podemos relacioná-la com outras, quando nos fazem pensar em questões antes impensadas, e ao menos no meu caso, quando provoca a vontade de escrever sobre tal.
E exatamente assim aconteceu com O triunfo da morte.
Apesar do título nos parecer à primeira vista um pouco mórbido, o livro é cômico e ao mesmo tempo filosófico. Características que me fizeram recordar (porque recordar é lembrar com o coração) de Viagem ao Redor do meu Quarto e de Memórias Póstumas de Brás Cubas. Aliás, vários outros aspectos tornam essa obra semelhante a estas outras duas que citei. A ver algumas delas:
· A falta de linearidade narrativa, afirmada claramente pelo autor, no seguinte trecho:
Repito, repetirei tantas vezes quantas as necessárias, não sigo em linha recta, sinto-me incapaz. Ainda que quisesse, e uma certa embalagem de ordem estética não me obrigasse a graduar a intensidade narrativa, a abrir parênteses, a adiar certas revelações, estimulando assim a tua curiosidade, não saberia seguir direito. Consciente embora de tudo quanto vou dizer, jogo comigo próprio como se tudo ignorasse.” (p.116)
· O ato filosófico de refletir e problematizar questões cotidianas.
· O invento do sumo de burujandu e da carne de pterorassauro da onde parte inúmeras explicações para a variação do comportamento humano, como por exemplo, o motivo pelo qual os homens se atraem pelas mulheres e vice-versa.
Escrevendo dessa forma, parece absurdo, mas em cada afirmação de teoria há uma explicação que a justifica. E creia-me, é capaz de convencer-nos.
· O narrador fala a todo momento com o leitor. Praticamente um diálogo.
Todas essas questões citadas acima são também evidenciadas, como já dito d’antes, em M.P.B.C., de Machado de Assis, e em V.R.M.Q., de Xavier Maistre. Porém, no que se refere à morte, Triunfo me fez lembrar a obra de Saramago, Intermitências da morte. Abelaira questiona a morte, a problematiza e dramatiza.
Este editor conta que encontrou fitas cassetes por aí. Ouviu-as e editou aquilo que escutou, tal e qual, exceto os ruídos. Simples assim.
Claro que aqui oferece ao leitor as suas hipóteses sobre origem e conteúdo do texto. Curiosamente nota-se o mesmo perfil literário do autor. Por que será? Sentiu-se ele influenciado, ou trata-se da mesma pessoa?
Bueno, queda aí mais uma sugestão de leitura.
Sá da Costa Editora
2ª edição – julho de 1981
Admiro essas pessoas sábias, que, ao mesmo tempo em que conseguem abordar o assunto com a seriedade que lhe é devida, nos chamando à razão, ainda o fazem de uma forma mais divertida e relaxante. Isso torna muito mais simples e interessante o modo de aprender; mas nem todos têm esse dom. É como em uma sala de aula: o professor precisa se fazer entender, usando o modo mais agradável possível, mas sem perder a seriedade
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