Alberto Caeiro, o mestre.
Ando pensando bastante naquilo que ele transmitia em seus poemas: a ideia de que contemplemos a natureza e que se Deus não se mostra, então é porque ele não quer que tenhamos certeza absoluta de sua existência.
De uma maneira muito simplista e humilde estou eu aqui descrevendo um pouco daquilo que captei de Caeiro.
E é nessa ideia que não paro de pensar. Me soa a mais pura verdade. Como pode para alguns existir Deus e para outros não? Realmente, se ele realmente quisesse se fazer verdade absoluta na Terra, não deixaria margem para as dúvidas. Enquanto isso contemplemos aquilo que existe, é belo e nos é acessível: a natureza.
Alberto Caeiro também defendia que pensar demasiado sobre as coisas não levaria a nada. A sua premissa era a de desfrutar do que era bom na vida, sem refletir demais sobre tais coisas.
"Pensar é estar doente dos olhos".
O mundo não é um enigma, um mistério, já totalmente oposto a Fernando Pessoa. Tem uma visão não espiritualizada, homem do campo, acredita que as coisas são o que são, e que não têm um significado oculto por trás das aparências.
Quem me dera que eu fosse o pó da estrada
E que os pés dos pobres me estivessem pisando...
Quem me dera que eu fosse os rios que correm
E que as lavadeiras estivessem à minha beira...
Quem me dera que eu fosse os choupos à margem do rio
E tivesse só o céu por cima e a água por baixo...
Quem me dera que eu fosse o burro do moleiro
E que ele me batesse e me estimasse...
Antes isso que ser o que atravessa a vida
Olhando para trás de si e tendo pena...
Deus não se mostra fisicamente, para que aprendamos a andar com nossas próprias pernas, mas Ele está em todos os lugares ao mesmo tempo. Há coisas que nunca vemos, mas sabemos existir por conseguirmos senti-las. Se Deus não existisse, tudo que nos acontece durante nossa existência perderia o sentido.
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