quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Espetáculo de sombras "Sacy Pererê - A lenda da meia-noite"

Na Feira teremos inúmeras atrações artísticas. O livro nos traz também essa possibilidade de ter a arte, em suas diversas expressões, mais presente na nossa vida. Não seria diferente nesta edição da Feira.
Apresento neste post uma dessas possibilidades: o espetáculo de sombras "Sacy Pererê - A lenda da meia-noite". Abaixo segue o release.

Tipo: Espetáculo para toda a família para sala fechada
Público e faixa etária: Crianças corajosas e adultos curiosos a partir dos 06 anos
Tema: Inspirado no primeiro livro editado por Monteiro Lobato e no imaginário popular brasileiro.
Sinopse: Um aventureiro, em viagem com seu cavalo, é apanhado de surpresa pelo Sacy Pererê. O perneta faz tantas diabruras que o homem cai e perde os sentidos. Acorda no dia seguinte sem nada. Ao chegar a um vilarejo próximo encontra ajuda e consegue descobrir quem era a criatura e como caçá-la. O homem caça o diabinho e prende-o em uma garrafa, obrigando-o a devolver todos os pertences perdidos. Antes de seguir viagem, por um descuido, o aventureiro solta o Sacy, que foge dando uma grande gargalhada.
Tempo de duração: 40 minutos

Após a encenação ocorre um bate-papo onde o público pode conhecer os mistérios e segredos deste surpreendente e curioso gênero do teatro de animação. Através do sítio www.clubedasombra.com.br, professores, pais e curiosos, podem solicitar o Guia de Atividades do espetáculo, onde é possível realizar um trabalho de interpretação e atividades com o teatro de sombras.

Data: 14/10
Horário: 14h30min
Local: Teatro do SESC

Fica aí a sugestão de mais uma possibilidade de deleite na Feira do Livro de Gravataí.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Vitor Ramil presente na Feira do Livro!

Teremos a lisonja de receber Vitor Ramil na nossa Feira do Livro. Sua participação será musical, talvez esse seja seu lado artístico mais conhecido, porém Vitor também tem se expressado literariamente.

"Na passagem dos anos 80 para os 90 Vitor afastou-se dos estúdios e passou a dedicar-se ao palco, pois quase não fizera shows até então. Foi quando nasceu o personagem Barão de Satolep, um nobre pelotense pálido e corcunda, alter-ego do artista. Dividindo alguns espetáculos com esta figura ao mesmo tempo divertida e mal-humorada, mesclando música, poesia, humor e teatro, Vitor começava a consolidar seu público e a aperfeiçoar sua interpretação.
Neste período não só definiu-se a música e postura do Vitor Ramil dos discos que viriam a ser gravados na segunda metade dos anos 90 como apresentou-se o Vitor Ramil escritor, através da novela Pequod, ficção criada a partir de passagens da infância do autor, de sua relação com o pai, de suas andanças pelo extremo sul do Brasil e pelo Uruguai. A partir do lançamento deste primeiro livro, em 1995, de grande repercussão junto à crítica e recentemente lançado na França, o artista passou a ocupar-se duplamente: música e literatura."
Trecho retirado do site do artista: www.vitorramil.com.br/textos/sobrevitor.htm

Abaixo segue um trecho do livro SATOLEP
"O calçamento perfeito e o traçado rigoroso das ruas o excitaram pela manhã; à tarde, a delicadeza das fachadas contra o horizonte selvagem da planície o emocionou; quando escureceu, superfícies úmidas espelhadas numa geometria de sombras cambiantes puseram-no a imaginar e conceber tantas coisas que, embora falasse sem parar, não encontrava tempo de descrevê-las para mim." 

 
Além da chance que teremos de apreciar a arte musical do Vitor, já conhecida dos gaúchos, deixamos a dica literária. Será uma boa oportunidade de ter um livro do VR autografado.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

QUE PAÍS É ESTE?

Livro de Affonso Romano que está sendo relançado neste ano. Como já publicado em outro post aqui no blog, Affonso Romano estará presente na nossa 24ª Edição da Feira do Livro de Gravataí. Relembrando que será do dia 14 ao dia 20 de outubro.
Retirei do blog que há sobre o livro, que é este ttp://quepaiseesteolivro.wordpress.com/, o texto abaixo explicativo sobre a obra:

"Em plena ditadura militar, Affonso Romano de Sant'Anna lança Que País é Este?, uma coletânea de poemas que dão um panorama crítico da sociedade brasilera de então. O poema que dá título ao livro foi publicado com destaque no Jornal do Brasil na data de seu lançamento e, tamanha sua repercussão, foi traduzido para o espanhol, inglês, francês e alemão, transformado em “posters” e colocado em escritórios, sindicatos, universidades e bares. Trinta anos depois da publicação, a Editora Rocco reedita a obra de Sant'Anna, uma leitura obrigatória e atual para entender melhor o Brasil."

No blog é possível assistir ao vídeo sobre a entrevista de Affonso no Jô. Verifiquei no youtube, mas por questões de direitos autorais não está disponível.

Abaixo está um dos poemas do livro:

CRÔNICA POLICIAL

1
Ontem três homens duros e armados
entraram na casa de um casal amigo
comeram, beberam, violentaram uma visita,
levaram dinheiro, objetos e saíram em zombaria
— num carro que largaram no subúrbio da Central.


Ontem a filha de um amigo esperava o ônibus,
chegou-lhe um mulato forte, que lhe deu um bote,
levou-lhe a bolsa e o corpo para o matagal
surrando-a com pedra e pau. E ela morria,
não conseguisse correr e se lançar na frente de um carro
que obrigado a parar levou-a ao hospital.


2
O casal da primeira estrofe e estupro
não foi ao jornal, mas hoje recebeu
outro casal
seviciado pelo mesmo grupo
que possuiu a mulher grávida
e seqüestrou a empregada como trunfo.
O pai da filha com o rosto destruído
ocultou a notícia com medo
da chantagem e da polícia.


3
Da minha varanda outrora eu via o mar e a ilha
antes de erguerem armadilhas e arranha-céus
em nossos bolsos e vistas. Crimes, antigamente,
não eram organizada guerrilha. Eram desastres aéreos
que não ocorriam com a gente.


Hoje sucedem-me na sala
— entre um programa e outro
no quarteirão
— entre um legume e outro.
Estou no Líbano, na Irlanda, Vietnã, Chicago e Stalingrado.
Há uma batalha em plena rua e o governo não sabe.
Inaugura estradas, deita fala, sem ver que as rodovias
estão cheias de eleitores mortos
— e seu discurso, crivado de balas.


4
Há dias,
minha filha vindo do colégio
deu o relógio
a um garoto uniformizado,
mas armado de pau e prego,
como a prima, que entregou o colar na esquina.
À filha menor ainda não assaltaram. Assaltaram-lhe
a primeira babá na praça. Assaltaram-lhe
a segunda babá na praia
entre ameaças
ao prevenir à turista
para manter sua bolsa à vista.
E da janela onde outrora eu via o mar e a ilha,
mal vejo o meu futuro e os banhistas. Vejo dois homens
correndo escuros da praça para boca da favela,
jogando para o ar uma bolsa amarela.
— É o quinto assalto hoje nessa esquina,
dizem no bar, enquanto entre o capacete e o cassetete
passam tranqüilos
os dois policiais peripatéticos do dia.


5
Minha porta já tem 100 trincos.
Depois de 6 revólveres, comprarei 5 bazucas,
8 granadas,
12 miras telescópicas,
embora nada me garanta que não me ponham a porta abaixo
com seus tanques.


Fora isto, não sei ainda o que fazer.
Mas não vou ficar aqui como um personagem de Hemingway,
que cansado de fugir
se deita velho como um cão
aguardando que me trucidem
a mim, minha família,
e mandem a foto autografada ao Presidente
como sinal da mais alta estima e elevada consideração.


Fica o registro de que o estrato visual não está idêntico à formatação do livro, pelo fato do blog não aceitar certos ajustes gráficos de parágrafos.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Affonso Romano de Sant'Anna

Affonso Romano de Sant'Anna vem participar da nossa Feira do Livro, em Gravataí. Um prestígio sem tamanho.

Affonso virá falar sobre suas obras, mas em especial sobre seu livro Que país é este? que está sendo reeditado 30 anos após a primeira edição. Posteriormente falaremos mais sobre este incrível poema-pergunta.
Teve seu primeiro texto publicado aos 16 anos, o qual foi uma crônica para o jornal, com o título Que horas são? São horas de ser honesto. Já se posicionando criticamente em relação a um livro que acabara de ler.

Publicou vários livros de ensaios e crônicas. Sua poesia é influenciada pela obras de Cecília Meireles, Drummond, Manuel Bandeira e Mário de Andrade.

Abaixo deixamos links de seu site e do seu livro.
http://www.quepaiseesteolivro.wordpress.com/
www.affonsoromano.com.br/blog

Como já dito acima, Affonso é autor de inúmeros títulos. E sobre um deles vamos escrever hoje, Tempo de delicadeza. Livro que reúne crônicas em que são abordados assuntos do cotidiano, porém, de uma forma poética, com um olhar singular.

O título do livro é o mesmo da primeira crônica. Um trecho: Sei que as pessoas estão pulando na jugular umas das outras. (...) Sei o que vão dizer: a burocracia, o trânsito, os salários, a polícia, as injustiças, a corrupção e o governo não nos deixam ser delicados. – E eu não sei? Mas de novo vos digo: sejamos delicados. E, se necessário for, cruelmente delicados.

Muitos outros assuntos são proseados, como por exemplo, o “morar junto” e não mais “casar”, Affonso sugere que o casal fuja, como era feito antigamente, afinal de contas tem muito mais emoção.

Quase revela o mistério do por que as mulheres vão juntas ao banheiro e todo o significado desse ritual. Escreve sobre as pessoas que esperam, esperam e esperam, e que isso acaba preenchendo as suas vidas. O título É preciso viver mais fala da diferença dessa mesma frase dita pelos “jovens” e pelos “velhos”, e a partir daí aclara que o primeiro vive mais no espaço e o segundo mais no tempo.

Uma leitura tranquila e cheia de descobertas sobre os assuntos mais triviais. Até mesmo Papai Noel dá o seu ar da graça.

Affonso vem à nossa Feira e, bom, aproveitemos essa oportunidade para conhecermos literalmente mais de perto esse grande escritor brasileiro.